Fim de ano, muita movimentação na “Casa da Mãe Joana”. A “Casa” nunca se viu tão cheia de tantos problemas de sérias implicações no “Direito Canônico”. Apurar fatos e responsabilidades já é tarefa ingente, imagine quando envolve o STAFF. Com filhos bastardos ou agregados, usa-se a caneta de forma serena e cruel. Pode se espernear, mas a cabeça rola. Punem-se até mesmo práticas insignificantes. “Bode expiatório”?
Manter aparências e suposta “autoridade” é lei. A caneta deve funcionar sem escrúpulo. Sentimentos à parte. O poder é pura Razão. Claro, no que convém. Recentemente, um ministro da Suprema Corte confirmou decisão judiciária que penalizava uma mãe, que furtou fraldas no valor de 120 reais. No despacho, o Ministro Mendonça afirma: “[…] a despeito da pequena expressividade do valor monetário dos objetos subtraídos, considero relevante a periculosidade social na ação perpetrada”. Sem entrar no mérito, o Ministro seguiu a regra geral. Parafraseando Hans Kelsen, num estilo hobbesiano, não há Lei sem foice. Ela é imperatividade, sem paixão nem ideologia. Kelsen só não falou das conveniências.
Os casos de Collor e Lula, sem entrar no mérito, certamente foram para pauta da periculosidade “político-ideológica” e não à da relevância da periculosidade social. Situação semelhante pode acontecer com Bolsonaro. Tudo vai depender do contexto político. É difícil negar a seletividade social dada às leis penas. Basta observar as decisões judiciais e da suprema corte. Não precisa ser doutor em Direito para sentir, analisar e inferir juízos sobre a performance da peça teatral.
O nó da questão está nas sutilezas processuais. Filhos bastardos ou agregados não contam com o carvão. Profissionais experientes, que conhecem bem a estrutura, o funcionamento e os caminhos do acesso à Justiça, são caros. Trabalham pra quem tem grana. Assim, funciona a produção material e simbólica da sociedade em meio às desigualdades econômicas. Salve-se que puder.
Voltando à “Casa da Mãe Joana”, a Matriarca sabe que o Superbispo está encurralado e de sobrevivência remota. Como ela conhece bem lições do Xadrez, já colocou em prática a tática da postergação do xeque-mate. O tempo é seu melhor aliado. Quem sabe, num cochilo, o jogo se inverte. Noutras palavras, o feitiço vira contra o feiticeiro.
Para virada do jogo, a Matriarca conhece bem lições de Maquiavel, principalmente a de que todos os meios são justificáveis para salvar a pele. Aí, entra em cena Francis Bacon: “saber é poder”. Saber e poder andam juntos, sob o mando silencioso da grana. Este casamento, “saber, poder e carvão”, tem funcionado muito bem. Tão bem que tem provocado sensação estranha de cansaço e frustração em quem ousa destruí-lo. Exerce imenso fascínio sobre as pessoas, que gostam de “levar vantagem”.
No tabuleiro, é perceptível a pontaria quase certeira de flechas e espadas sobre o Superbispo. Quase certeiras, porque ele ainda luta. No caso, a permanecia dele depende da experiência de quem conhece bem o jogo do Poder, como metáfora, em nível paroquial, diocesano e da Nunciatura.
A Matriarca vem cuidando com carinho do caso. Não por amor ao Superbispo. Ele é apenas peça, que pode ser útil. Embora receosa, acredita na estratégia adotada. Sabe medir o peso da caneta da cúria diocesana, que pode trancar tudo e paralisar o jogo até a exaustão do tempo. Caso aconteça, a guerra, mesmo sem terminar, estará vencida. A Matriarca sentir-se-ia à vontade para reinar, como sempre o fez, na “Casa da Mãe Joana”.
Diante dessa percepção, o “profeta anônimo” acredita que o grande golpe da Matriarca sobre o esquema de esclarecimento, responsabilização e punição deva acontecer entre festas natalinas e euforias carnavalescas. Caso acorra, toda expectativa de mudanças na Casa da Mãe Joana virará pó de traque, sob o manto sagrado da deusa “Themis”.
Enfim, a incógnita permanece. Atualmente, a Matriarca está em desvantagem. Mas, daí à derrota, como diz o profeta anônimo, “quem viver, verá”!
Rubens Galdino da Silva – Professor e jornalista (MTB/SP 32.616)