A Matriarca mostra força!!!

Uma das fontes das Crônicas da “Casa da Mãe Joana” é o “profeta anônimo”. Ele é uma espécie de guru às avessas. A iluminação dele não vem do céu nem dos espíritos. Não usa as cartas do baralho para fazer seus prognósticos. Prefere usar o jogo do Xadrez. O movimento e a posição das pedras, para ele, oferecem sugestivos dados para diversas leituras intuitivas e logísticas. As leituras são realizadas sem paixões.

Embora possa ser acusado de estar a serviços partidários ou de traição, longe disso. Na verdade, ele gosta de observar como os fatos se desenrolam ao seu derredor. Com base numa formação humanística, dotada de várias referências acadêmicas, procura analisar o movimento das peças numa jogada de Xadrez.

O “profeta anônimo” tem aprendido ser o jogo de Xadrez também símbolo do Poder Político. Sendo a Matriarca responsável pela “Casa da Mãe Joana”, cabe-lhe a árdua tarefa da administração dos súditos do “Rei”. Qualquer cochilada, a Casa pode ir à leilão. Para administrá-la bem e manter seu chicote armado, sabe que o “Rei”, primeiramente, tem de ser temido e, depois, amado. Trata-se de atribuições difíceis de serem executadas. Mas é o preço que se paga.

O grande desafio administrativo é o da localização dela. Ela está fixada num ponto perdido do hemisfério sul do planeta, onde não há pecado capital e a terra faz a curva. Nela, a bota, de cano longo, de vez em quando, gosta de pisar alto e estremecer o chão, com chicote ou chibata à mão, de acordo com humor e ocasião.

Quando é interessante, os herdeiros dos donos do Poder, inventam o combate à corrupção; quando não o é, reativam aquilo que já estava no sangue dos colonizadores desde o “imenso Império colonial”. Assim, quem embarcou na canoa do famigerado “combate à corrupção” fica na contramão da História, sujeito a ver o “sol nascer quadrado”, ou se sentindo um eterno estranho.

Nesse ambiente, quando a onda do combate à corrupção sai de moda, a deusa Themis” tem o sabor de Poder. Segue a velha formula “aos amigos, os benefícios da lei; aos inimigos, a dureza da lei”. Assim, ser justo é estar no Trono e decidir, custe o que custar. Súditos devem abaixar a cabeça. Essa prática era bem conhecida na política do “pão e circo” da era romana  nos tempos  do Imperador Nero. Ademais, assim quem tem poder, manda; quem tem juízo, obedece. A Casa da “Mae Joana” tem adotado essa regra de ouro.

Vale a pena lembrar a lição legada de Richard  Sennett. Segundo ele, em sua obra de 1977, “O Fim do Homem Público”, as lideranças são afetadas pela ausência de compromisso e de integridade dos líderes e autoridades responsáveis pela administração do Poder Púbico. Na atual sociedade, as pessoas são motivadas mais a seguir seus desejos carnais do que praticar o bem comum.

Sennett observa também que, se de um lado, a excessiva exposição do homem público favorece sua ascensão e manutenção no jogo do Poder, por outro, torna-o  presa vulnerável do linchamento e toda sorte de humilhação. Em suma, quando essa tendencia negativa se efetiva, há especialista até para encontrar cisco nos olhos, a distância,  de quem está na mira da sociedade. Sennett chama isso de “as tiranias da intimidade”.

Bem, na última crônica de 2023,  o “profeta anônimo” disse: “Diante dessa percepção,  o ‘profeta anônimo’ acredita que o grande golpe da Matriarca sobre o esquema de esclarecimento, responsabilização e punição deva acontecer entre festas natalinas e euforias carnavalescas. Caso acorra, toda expectativa de mudanças na Casa da Mãe Joana virará pó de traque, sob o manto sagrado da deusa “Themis”. Enfim, hoje, a Matriarca, com o Superbispo no comando do subtrono, está bem à vontade. Mas o jogo continua e o “profeta anônimo”, por enquanto, sem previsão.

Rubens Galdino da Silva – Professor e jornalista (MTB/SP 32.616)

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Filósofo Clínico, professor e jornalista (MTB 32.616). Possui formação em Teologia, Filosofia, Filosofia Clínica e História, com doutorado em História pela UNESP. Atualmente, é professor na Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA), onde orienta TCC aos alunos do curso de Direito; membro do Cadastro Nacional e Internacional de Avaliadores do CONPEDI e articulista do Jornal da Segunda de Assis.

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Rubens Galdino

Possui formação em Teologia, Filosofia e História, com doutorado em História pela UNESP. Foi editor dos jornais “O Adamantinense” e “Jornal da Cidade”, além de fundador da Revista Omnia. Atualmente, é professor na Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA), onde supervisiona projetos no curso de Direito e é membro do Cadastro Nacional e Internacional de Avaliadores do CONPEDI.

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