Domingo passado, assisti a um filme muito interessante na Netflix. “A vingança está na moda”. Trata-se de um filme num estilo de humor macabro e cores satíricas leves. Belo panorama fotográfico, que faz lembrar o velho Oeste Americano. O referido filme narra as intrigas de amor, conivência, submissão, perseguição e vingança, num ambiente de fofocas e trapaças. Conduz o enredo, que vai de um clima ameno a um final surpreendente.
A história trata da volta de uma adolescência ao Vilarejo, donde havia sido expulsa sob acusação de assassinato. Ambientado no interior da Austrália, em Dungatar. O filme é recheado de cenas fortes e, ao mesmo tempo, hilárias. Retrata o jogo de poder numa comunidade conservadora e marcada de tabus e preconceitos religiosos e culturais.
Longe da presença efetiva do Estado, o Vilarejo organiza o cotidiano sob a tutela implacável do Prefeito e do “Xerife”. Trata-se de um estilo de administração autoritário e verticalizado, com profundo impacto horizontal na vida da comunidade. De fato, faz lembrar o período da política do coronelismo no Brasil.
A protagonista Tilly, depois de se tornar uma renomada estilista na Europa, volta à terra natal movida pela tríade: ódio, perseguição e vingança. Saiu amaldiçoada. O pomo da trama envolve ela mesma, a mãe dela, o Prefeito e o Xerife. O tecido da trama está salpicado de lances de ódio e amor nas alcovas da vida, relegados à marginalidade da vida.
A fonte das Leis do vilarejo são os valores religiosos e culturais. A administração do mesmo é por meio de uma colcha de manipulações costurada de intimidação, provocação e sedução. Essa arte de manipulação o “Prefeito” e asseclas dominam muito bem. Nesse cenário, o senso de Justiça é movido pelo ódio e pela vingança. O medo impera soberanamente, produzindo crueldade e vítimas, algumas fatais.
Ao deflagar o processo de vingança, Tilly não conseguiu prever as consequências. No final, perdeu totalmente o controle. Da condição de comando, passou a sofrer as consequências nefastas da própria vingança.
Assim acontece, de modo geral, com os que enveredam pelos caminhos capciosos do crime. As iniciativas bem sucedidas, num dado momento do percurso, acabem trombando com as próprias pedras postas no caminho pela vingança. Algumas delas até serviram de apoio a determinados fins vingativos.
A sabedoria bíblica nos ensina a ver as consequências de quem opta por semear a tempestade. Num brilhante sermão, o Arcebispo da Arquidiocese de Vitória, Dom Dario Campos, um frade franciscano, fez um belo retrato a respeito do assunto e do desafio, que o mesmo enseja. A quem se interessar, é só fazer busca na Internet. É fácil acha-lo.
Palavras do profeta Oséias, 8:7, afirmam: “Porque semeiam vento, colherão tempestade; não haverá seara, pois o talo não produzirá cereal; o pouco que der, os estrangeiros o devorarão”. O profeta Oséias foi brilhante. A metáfora dele é atual. Aplica-se a diversas situações, desde à esfera privada à pública. Para não falar do nosso País, vejamos os exemplos: URSS, Venezuela, Alemanha nazista, Itália, Espanha e Portugal fascista, ditaduras do Chile, Venezuela, da Guerra Secessão dos Estados Unidos etc.
A “Casa da Mãe Joana” se prepara para um novo tempo. Tempo ainda incerto. A Matriarca vai tentar sobreviver de alguma forma. Normal, faz parte do jogo do Poder. É uma disputa de convencimento, cada qual com estratégias e táticas próprias. Quem vai vencer a próxima partida? O “profeta anônimo” não se arrisca a nenhum palpite. Porém, sabe que, seja quem for o vencedor, muitas e profundas mudanças qualitativas estão sendo esperadas pela maioria. Ao vencedor, é bom lembrar que o jogo continua. O vencedor é quem dará o tom da música. Enfim, a “Casa da Mãe Joana” precisa de muita paz. Sem essa preciosidade existência e coletiva, não haverá prosperidade, alegria e vida abundante para todos. Reinará a babel de sempre. Quem viver, verá!
Rubens Galdino da Silva, Jornalista (MTB/SP 32.616) e professor