Entrevista com José Chavarelli
*Recomendado ouvir utilizando fones de ouvido.
Entrevista com José Silveira Mendonça
*Recomendado ouvir utilizando fones de ouvido.
Navegando nas águas do Direito
A Matriarca mostra força!!!
Uma das fontes das Crônicas da “Casa da Mãe Joana” é o “profeta anônimo”. Ele é uma espécie de guru às avessas. A iluminação dele não vem do céu nem dos espíritos. Não usa as cartas do baralho para fazer seus prognósticos. Prefere usar o jogo do Xadrez. O movimento e a posição das pedras, para ele, oferecem sugestivos dados para diversas leituras intuitivas e logísticas. As leituras são realizadas sem paixões. Embora possa ser acusado de estar a serviços partidários ou de traição, longe disso. Na verdade, ele gosta de observar como os fatos se desenrolam ao seu derredor. Com base numa formação humanística, dotada de várias referências acadêmicas, procura analisar o movimento das peças numa jogada de Xadrez. O “profeta anônimo” tem aprendido ser o jogo de Xadrez também símbolo do Poder Político. Sendo a Matriarca responsável pela “Casa da Mãe Joana”, cabe-lhe a árdua tarefa da administração dos súditos do “Rei”. Qualquer cochilada, a Casa pode ir à leilão. Para administrá-la bem e manter seu chicote armado, sabe que o “Rei”, primeiramente, tem de ser temido e, depois, amado. Trata-se de atribuições difíceis de serem executadas. Mas é o preço que se paga. O grande desafio administrativo é o da localização dela. Ela está fixada num ponto perdido do hemisfério sul do planeta, onde não há pecado capital e a terra faz a curva. Nela, a bota, de cano longo, de vez em quando, gosta de pisar alto e estremecer o chão, com chicote ou chibata à mão, de acordo com humor e ocasião. Quando é interessante, os herdeiros dos donos do Poder, inventam o combate à corrupção; quando não o é, reativam aquilo que já estava no sangue dos colonizadores desde o “imenso Império colonial”. Assim, quem embarcou na canoa do famigerado “combate à corrupção” fica na contramão da História, sujeito a ver o “sol nascer quadrado”, ou se sentindo um eterno estranho. Nesse ambiente, quando a onda do combate à corrupção sai de moda, a deusa Themis” tem o sabor de Poder. Segue a velha formula “aos amigos, os benefícios da lei; aos inimigos, a dureza da lei”. Assim, ser justo é estar no Trono e decidir, custe o que custar. Súditos devem abaixar a cabeça. Essa prática era bem conhecida na política do “pão e circo” da era romana nos tempos do Imperador Nero. Ademais, assim quem tem poder, manda; quem tem juízo, obedece. A Casa da “Mae Joana” tem adotado essa regra de ouro. Vale a pena lembrar a lição legada de Richard Sennett. Segundo ele, em sua obra de 1977, “O Fim do Homem Público”, as lideranças são afetadas pela ausência de compromisso e de integridade dos líderes e autoridades responsáveis pela administração do Poder Púbico. Na atual sociedade, as pessoas são motivadas mais a seguir seus desejos carnais do que praticar o bem comum. Sennett observa também que, se de um lado, a excessiva exposição do homem público favorece sua ascensão e manutenção no jogo do Poder, por outro, torna-o presa vulnerável do linchamento e toda sorte de humilhação. Em suma, quando essa tendencia negativa se efetiva, há especialista até para encontrar cisco nos olhos, a distância, de quem está na mira da sociedade. Sennett chama isso de “as tiranias da intimidade”. Bem, na última crônica de 2023, o “profeta anônimo” disse: “Diante dessa percepção, o ‘profeta anônimo’ acredita que o grande golpe da Matriarca sobre o esquema de esclarecimento, responsabilização e punição deva acontecer entre festas natalinas e euforias carnavalescas. Caso acorra, toda expectativa de mudanças na Casa da Mãe Joana virará pó de traque, sob o manto sagrado da deusa “Themis”. Enfim, hoje, a Matriarca, com o Superbispo no comando do subtrono, está bem à vontade. Mas o jogo continua e o “profeta anônimo”, por enquanto, sem previsão. Rubens Galdino da Silva – Professor e jornalista (MTB/SP 32.616)
Casa da Mãe Joana e novos tempos
A casa da Mãe Joana é uma casa muito engraçada. Tem de tudo. A família da Matriarca é diversificada. Não é de relação consanguínea. A Matriarca é uma balzaquiana estéril, que adota filhos de acordo com as conveniências e necessidades. Pode-se dizer que é uma família de agregados. O curioso é que, de vez em quando, há conflitos entre os filhos. Os mais achegados da mãe balzaquiana costumam se valer do posto e exagerar nos privilégios. Claro que não são todos. Esta história é longa. Por ser uma família de agregados, escolhidos a dedo, a Matriarca recruta os mais influentes no meio social. Geralmente, são aqueles que gozam de prestígio. Ocupam cargos considerados estratégicos na sociedade. Mas esse perfil não basta à Matriarca. Usa-se, na escolha, algo mais. Ela sabe que subordinado precisa ser vocacionado. Almas questionadoras, por mais inteligentes que sejam, não é uma boa escolha. Não costumam ser serviçais. São candidatas natas à rebeldia. Não são nada domesticáveis. Os domesticáveis gostam de ração de qualidade e, quase sempre, locupletam-se. A obesidade logo se escancara denunciando o apetite de seus corpos e mentes. De um tempo pra cá, os exageros tornaram-se muito escancarados. Ganhou espaço na mídia e redes sociais. Claro, tudo isso ocorreu a contragosto dos filhos seletos da Matriarca. Talvez tenham exagerados tanto nos privilégios e seus apetrechos, que o esquema de intimidação e cooptação não conseguiu conter o grito abafado de socorro. Encurralados pelas ameaças, restavam-lhes os sussurros. Os peritos, na prática das ameaças, costumam se valer do manto sagrado das instituições basilares da cidadania. O discurso do Poder costuma ter eco sedutor. Em nome da ordem e progresso, buscam-se resultados. Nesse contexto, vale a formula de que os “fins justificam os maus”. Sabem bem fazer uso dessa lição de Maquiavel. Por outro lado, como a Matriarca perdeu a rainha, pedra angular do rei no jogo de Xadrez, a situação está, paulatinamente, se complicando. A cabeça de um dos bispos está a prêmio. A sobrevivência dela depende da uma sacada de mestre da Matriarca. Está difícil acontecer, mas não se pode descartar. Se antes os trunfos estavam nas mãos dela, hoje, estão com os filhos excluídos de seus afetos, estratégias e táticas. Resta à Matriarca contar com um cochilo deles. Como ensina um sábio ditado popular: “Uma boa pitada de modéstia no agir e no portar-se é como canja de galinha, não faz mal a ninguém”. Enfim, como bem ensina a arte do Xadrez: o jogo só termina quando o vitorioso pega, sem pedir licença, o rei (pedra) do adversário, com aquele sorriso educado, elegante e irônico, vagarosamente o declina sobre o tabuleiro. Quem viver, verá! Rubens Galdino da Silva – Jornalista (MTB/SP 32.616) e professor
“Casa da Mãe Joana”, objeto de cobiça
A ideia de alguém capaz de viver sem cobiça seria algo inimaginável. Seria o mesmo que eliminar o desejo da condição humana. Outros seres viventes movem-se por instinto. Nada fazem senão aquilo que está biologicamente programado. No humano, o desejo é um elemento essencialmente vinculado às pulsões de vida e morte. Situa entre demandas fisiológicas e psíquicas. Embora a experiência dê fortes indícios, é difícil aceitar que mesmo o cão domesticado age em função de desejos. Nesse sentindo, o desejo transcende às necessidades básicas de viver. Como expressão da psiquê, move-se do comportamento socialmente aceitável às raias do absurdo. Atribui-se ao dramaturgo e poeta romano, Públio Terêncio Afro, a frase: “Nada do que é humano me é estranho”. Trata-se de uma frase intrigante, que faz de Calígula a Hitler, no campo da moral e da ética, qualquer atitude é humanamente possível. Numa interpretação extensiva, o ser humano é capaz de praticar algo inimaginável. Está potencialmente apto a qualquer ator de terror e horror. Para domá-lo, criamos instrumentos repressivos e punitivos, que no rastro das narrativas religiosas e moralistas procuram tornar a convivência humana possível. Basicamente, há duas teorias que tentam iluminar nossa compreensão humana. A primeira é a de Hobbes, que concebe o ser humano como essencialmente egoísta. Portanto, nasce mau e desatinado, se necessário, a toda prática de maldade para satisfazer a sua vontade de poder. A maldade seria congênita, incurável. Assim, somente a certeza da cruel punição poderia, em tese, remediar o egoísmo desenfreado. A segunda é a de Rousseau, que, numa perspectiva romântica, afirma que o homem nasce bom e a sociedade corrompe. Desse modo, a bondade seria a essência da própria condição humana. A maldade seria negação dela, motivada pelas circunstâncias históricas e sociais. Confesso que tenho muita dificuldade de me situar nesse debate. Ora, vejo que Hobbes está coberto de razão; ora, Rousseau. De qualquer modo, são questões de difícil contorno. Mas, quando o assunto é “política e poder”, dificilmente consigo olhar com óculos de Rousseau. Quando acontece, logo me deparo com a decepção. Trata-se de uma decepção comigo mesmo por ter caído nas armadilhas discursivas do objeto do meu desejo. A experiência tem me ensinado que Hobbes é mais recomendável para conviver com o mundo da “política e do poder”. Pelo menos, não me decepciona tanto nem me sinto traído pelo meu próprio desejo. Aliás, bem antes de Hobbes, o Profeta Jeremias afirmou: “Assim diz o Senhor: -Maldito é o homem que confia nos homens” (Jeremias 17:5). Assim, esperar de políticos, plantonistas no exercício Poder, conduta pró-ativa em benefício da sociedade beira à ingenuidade. Quase sempre, se movem pela cobiça daquilo que pode agregar valores aos seus interesses particulares e de grupos. Quando há um gesto favorável à sociedade, quase sempre, é motivado por outros interesses. A sociedade costuma ficar com aas migalhas que caem à mesa do Trono. Ah, falando em Trono, tudo indica que a Matriarca está toda articulada para virar o jogo. Já conseguiu, no tabuleiro do Xadrez na “Casa da Mãe Joana”, transformar um peão em Rainha. Agora está se preparando para reconquistar o Bispo, o Cavalo e a Torre. Ela aposta piamente que, até o final do ano, consiga recuperar plenamente a menina dos olhos de seu desejo: “Casa da Mãe Joana”. É como se fosse uma vaca leiteira, bem nutrida, apta para amentar os filhotes do Poder. Serviçais para isso não faltam. Trata-se de uma cobiça que persegue implacavelmente a mente da Matriarca. Enfim, a expectativa da Bandeira Sagrada, que se consiste numa Casa da Mãe Joana livre dos tentáculos dos plantonista do poder, poder virar cinzas do tempo. “Quem viver, verá”, assim diz o profeta anônimo. Rubens Galdino da Silva – Jornalista (MTB/SP 32.616) e professor.
Casa da Mãe Joana tem Superbispo
Há um velho e conhecido ditado popular que reza que “Rei morto”, rei posto”. Aliás, Vinícius de Moraes usou esse ditado num de seus mais belos poemas, intitulado “Hora Íntima”. Quem nunca leu, vale a pena a leitura. Os intelectuais costumam usar uma linguagem mais “sofisticada”. Referem-se ao mencionado ditado com a clássica frase: “a lógica do poder impõe sucessor”. Noutras palavras, o poder não vive sem sucessor, independentemente do perfil, se é vermelho ou azul. Alguém, imediatamente, vai ocupar o trono. Ele nunca fica vazio. No caso da Casa da Mãe Joana, o Rei ainda está vivo. Claro, sem a Rainha, tem que se valer de outros recursos. Hoje, depois de quase um ano, a Matriarca perdeu o apoio do superpoder do Bispo. Ele, apesar de acumular várias acusações, conseguiu “miraculosamente” não ser importunado por ninguém. Daqui para frente, vai ter suas articulações limitadas aos fiéis seguidores. Mas pode voltar com “pompas e circunstâncias” desde que a Matriarca seja capaz de pensar jogadas inteligentes. É bom lembrar que a Rainha ainda atua nos bastidores. A Casa da Mãe Joana, apesar de poderosa, inevitavelmente vive num ambiente social. Está sujeita às regras morais e legais. Os filhos dela têm vida social como todos, uns mais outros menos. Frequentam clubes, restaurantes, cafeterias, enfim, reuniões sociais. Nesses eventos, há muitas chacotas. Algumas por desconhecimento. São daqueles que colocam todos os filhos no mesmo caldeirão para fervura. Há, porém sempre alguém mais cuidadoso e racional, que questiona o caso. Isso acaba gerando muitos incômodos e indignação. Outros, tão acostumados com o que veem, acabam num descredito total. Tornam-se céticos e, quase sempre, preferem nem mesmo comentar o assunto. Porém, numa mesa qualquer de truco, sempre há aquele que, de forma provocativa, pergunta: “-como pode alguém ter sobrevivido na função por quase um ano, tendo o peso de diversas acusações sobre si mesmo?” Depois de um silêncio, alguém cauteloso se arrisca: “-Faz quase um ano? Como o tempo passa rápido. É, no mínimo, estranho.!!!” Outro, depois de uma “birita”, completa: “-Eu não tinha pensado nisso, mas tudo é possível. É muito tempo, né? Esse Bispo deve ser muito poderoso mesmo. Deve ter costas largas e quentes”. Geralmente, nessas reuniões sempre tem alguém metido a intelectual pronto para fazer o discurso refinado. Aí desfere: “-A corrupção, neste País da República das Bananas, é endêmica e estrutural. Acontece desde o Brasil-Colônia”. Em seguida completa: “-Herdamos uma prática administrativa da coroa portuguesa chamada “patrimonialismo, que confunde interesses públicos com os privados”. Diante da exímia explicação, alguém menos sofisticado, pergunta: “-É a tal da misericórdia franciscana de que é dando é que se recebe?” Assim, a Provincia fica em burburinhos. Com olhos atentos nas pedras do tabuleiro, provincianos mais interessados e curiosos ficam de prontidão. Querem saber qual é a jogada atualizada dos bastidores da disputa entre a Matriarca e seus filhos agregados, de preferência, saindo do forno. Mas a mídia local exagera na cautela. Não se sabe bem o porquê, mas é, no mínimo, preocupante. Costuma infantilizar. Transforma um direito do leitor ou ouvinte numa arma dela. Enfim, a vida passa. A roda do tempo não perdoa. Hoje, o tempo é a grande arma da Matriarca. Ela tem se beneficiado nesse jogo de xeques sem mate. Ainda conta com muitos peões, ajuda das torres e de um dos bispos. Todos protegem-na usando o jogo sentimental de discursos e influências. Agora a Matriarca está provisoriamente sem o superbispo e pode ficar isolado e exposto. Tudo depende da boa articulação dos filhos que almejam mudanças. Assim, a província continua entre decepções, esperanças e, às vezes, com o sentimento do “Deus dará”. O jogo continua e as expectativas são grandes. Depois dessa, o Rei vai cair? Quem viver, verá! Rubens Galdino, Jornalista (MTB/SP 32.616) e professor
Cinema, sabedoria Bíblica e Casa da Mãe Joana
Domingo passado, assisti a um filme muito interessante na Netflix. “A vingança está na moda”. Trata-se de um filme num estilo de humor macabro e cores satíricas leves. Belo panorama fotográfico, que faz lembrar o velho Oeste Americano. O referido filme narra as intrigas de amor, conivência, submissão, perseguição e vingança, num ambiente de fofocas e trapaças. Conduz o enredo, que vai de um clima ameno a um final surpreendente. A história trata da volta de uma adolescência ao Vilarejo, donde havia sido expulsa sob acusação de assassinato. Ambientado no interior da Austrália, em Dungatar. O filme é recheado de cenas fortes e, ao mesmo tempo, hilárias. Retrata o jogo de poder numa comunidade conservadora e marcada de tabus e preconceitos religiosos e culturais. Longe da presença efetiva do Estado, o Vilarejo organiza o cotidiano sob a tutela implacável do Prefeito e do “Xerife”. Trata-se de um estilo de administração autoritário e verticalizado, com profundo impacto horizontal na vida da comunidade. De fato, faz lembrar o período da política do coronelismo no Brasil. A protagonista Tilly, depois de se tornar uma renomada estilista na Europa, volta à terra natal movida pela tríade: ódio, perseguição e vingança. Saiu amaldiçoada. O pomo da trama envolve ela mesma, a mãe dela, o Prefeito e o Xerife. O tecido da trama está salpicado de lances de ódio e amor nas alcovas da vida, relegados à marginalidade da vida. A fonte das Leis do vilarejo são os valores religiosos e culturais. A administração do mesmo é por meio de uma colcha de manipulações costurada de intimidação, provocação e sedução. Essa arte de manipulação o “Prefeito” e asseclas dominam muito bem. Nesse cenário, o senso de Justiça é movido pelo ódio e pela vingança. O medo impera soberanamente, produzindo crueldade e vítimas, algumas fatais. Ao deflagar o processo de vingança, Tilly não conseguiu prever as consequências. No final, perdeu totalmente o controle. Da condição de comando, passou a sofrer as consequências nefastas da própria vingança. Assim acontece, de modo geral, com os que enveredam pelos caminhos capciosos do crime. As iniciativas bem sucedidas, num dado momento do percurso, acabem trombando com as próprias pedras postas no caminho pela vingança. Algumas delas até serviram de apoio a determinados fins vingativos. A sabedoria bíblica nos ensina a ver as consequências de quem opta por semear a tempestade. Num brilhante sermão, o Arcebispo da Arquidiocese de Vitória, Dom Dario Campos, um frade franciscano, fez um belo retrato a respeito do assunto e do desafio, que o mesmo enseja. A quem se interessar, é só fazer busca na Internet. É fácil acha-lo. Palavras do profeta Oséias, 8:7, afirmam: “Porque semeiam vento, colherão tempestade; não haverá seara, pois o talo não produzirá cereal; o pouco que der, os estrangeiros o devorarão”. O profeta Oséias foi brilhante. A metáfora dele é atual. Aplica-se a diversas situações, desde à esfera privada à pública. Para não falar do nosso País, vejamos os exemplos: URSS, Venezuela, Alemanha nazista, Itália, Espanha e Portugal fascista, ditaduras do Chile, Venezuela, da Guerra Secessão dos Estados Unidos etc. A “Casa da Mãe Joana” se prepara para um novo tempo. Tempo ainda incerto. A Matriarca vai tentar sobreviver de alguma forma. Normal, faz parte do jogo do Poder. É uma disputa de convencimento, cada qual com estratégias e táticas próprias. Quem vai vencer a próxima partida? O “profeta anônimo” não se arrisca a nenhum palpite. Porém, sabe que, seja quem for o vencedor, muitas e profundas mudanças qualitativas estão sendo esperadas pela maioria. Ao vencedor, é bom lembrar que o jogo continua. O vencedor é quem dará o tom da música. Enfim, a “Casa da Mãe Joana” precisa de muita paz. Sem essa preciosidade existência e coletiva, não haverá prosperidade, alegria e vida abundante para todos. Reinará a babel de sempre. Quem viver, verá! Rubens Galdino da Silva, Jornalista (MTB/SP 32.616) e professor
Casa da Mãe Joana na terra do “Faz de conta”
Há um ditado popular muito explorado para dizer como funcionam as leis no Brasil. Tem origem no Brasil Imperial. Com a condição de país independente, era necessário alinhavar a prática política e administrativa às expectativas da comunidade internacional, em especial do Reino Unido, que era um grande parceiro comercial. Uma das exigências dos ingleses era a de acabar com a escravidão negra no País do “faz de conta”. Assim, o Parlamento brasileiro, pensando nas vantagens das boas relações comerciais, editou normas de combate à escravidão, com punições aos súditos transgressores. No fundo, o objetivo da adoção nada tinha a ver com a mudança da realidade social. O objetivo era o de apenas atender as demandas do Reino Unido. Daí o famoso ditado: “para inglês ver”. Somos uma cultura amante das aparências, até nas cordialidades, como bem concluiu Sérgio Buarque de Holanda. Já se foram 200 anos. Pouco, ou quase nada mudou. Há uma enciclopédia de normas, que só existe na biblioteca de vitrine. Na hora de aplicá-las, fica a sensação estranha de que tudo beneficia os plantonistas do poder. Florestan Fernandes, referindo-se aos ideais republicanos gravados na Bandeira Nacional, fez um brilhante comentário: “Ordem, para quem está em baixo; progresso, para quem está em cima”. Assim tem funcionado. Quem paga a conta, quase sempre, é quem está em baixo. Há um crivo social seletivo cruel. Daí a famosa frase, “O Brasil não é um país sério”, dita originalmente pelo diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho ao jornalista Luís Edgar de Andrade, correspondente do Jornal do Brasil em Paris no contexto da Guerra da Lagosta. Ela virou jargão, quase sempre invocada quando o assunto é moralidade pública. Aliás, a referida frase tem sido atribuída equivocadamente a Charles de Gaulle, ex-presidente da França. Bem, voltando à Casa da Mãe Joana, fica a sensação de que a situação não é diferente. A casa tem Estatuto e Regimento. Quase sempre, são aplicados de acordo com as conveniências das circunstâncias. A lógica que impera é aquela da propaganda do cigarro “Vila Rica”, protagonizada pelo campeão brasileiro da Copa de 70 no México, Gerson: “O importante é levar vantagem”. Esse moto passou para história como a “Lei de Gérson”. Deste modo, para garantir os resultados das vantagens na Casa da Mãe Joana, a máquina funciona no esquema de hierarquização de cargos, privilégios e salários. A Matriarca da Casa sabe cuidar bem disso. Assim, acaba cooptando e ajeitando os interesses de cada filho dileto. O que importa é a sobrevivência do Bispo para garantir as nomeações paroquiais e as respectivas côngruas. Quanto aos outros filhos “persona non grata”, devem se contentar com as migalhas que caem à mesa. Se não estão contentes, não tem problema. Estão livres para desembarcar noutros portos, com seus sonhos na mala. Afinal, a Casa da Mãe Joana não é para sonhar e, sim, viver de cabeça baixa como ovelha para o matadouro. A ordem é a de preservar os interesses da Matriarca, sem pudor nem escrúpulos. Para isso, a chicotada dos filhos capachos, perseguindo ou retaliando, opera bem. E como dói! Dói no corpo e na alma. Reclamações não faltam. A humilhação é a voz de comando de quem não tem argumentos plausíveis. Afinal, usam esse esquema por se sentir imunes e impunes, claro, debaixo da capa sagrada da Matriarca. Na última jogada, a Matriarca conseguiu importante avanço na recuperação do Superbispo com a decisiva ajuda da submissa deusa Minerva. Aliás, bola antecipadamente cantada no jogo do Bingo. Assim, por enquanto, ninguém está autorizado a mexer com ele. Permanece gozando suas merecidas férias “coloniais”, sem ser importunado. Claro, o tempo é a grande arma na mão da Matriarca. Agora é o momento de conferir a próxima jogada. O jogo continua e as expectativas são grandes. Depois dessa, será que o Superbispo vai cair? O tabuleiro ainda reserva muitas jogadas. Quem viver, verá! Rubens Galdino da Silva, Jornalista (MTB/SP 32.616) e professor
Mãe Joana, enxadrista nata!
Quem tem vocação para o Poder já é, em si mesmo, um enxadrista nato. A Mãe Joana é um desses. Perdendo ou ganhando, move as pedras do tabuleiro. O alvo é o de ampliar o plantão. Sabe que para sobreviver, no poder, precisa jogar bem cada partida. Caso contrário, está condenada ao expurgo. Para continuar no mando, nada de escrúpulo. Escrúpulo é coisa de religiosos, principalmente de quem espera uma recompensa celestial. A política é a arte do possível, com resultados. Sem resultados, o príncipe vira pó de traque nas fogueiras juninas. Recentemente, ocorreu um lance interessante. Nele, a Matriarca fez uma jogada de Mestre. Cansado de seus filhos rebeldes, conseguiu uma Autorização Superior para mudanças nas regras de funcionamento da Casa. Há tempo, reclamam-se adequações da “Casa da Mãe Joana” ao “politicamente correto”. Algumas já ocorreram. Outras adequações, principalmente de ordem estrutural e funcional, ainda estão à espera de iniciativas ousadas. O que chamou atenção foi o texto de Autorização ter virado pretexto para o arbítrio. Claro, como sempre, em nome da “moralidade”. Aliás, próprio do espírito totalitário. Ele é sedutor e agrada muito o senso comum que, movido por “princípios”, cai de paraquedas no solo das ambições dos plantonistas do Poder. Exemplos não faltam, principalmente na terra da bota de cano longo. Para conseguir a referida Autorização de seus desejos carnais, a Matriarca usou a Rainha para ser comida. Entregou-a, aparentemente, aos leões famintos. Aliás, coisa rara no jogo de xadrez, principalmente nas jogadas decisivas da partida. Já vimos essa estratégia com bispo, no qual o enxadrista deu xeque-mate direto. O adversário foi nocauteado nos primeiros lances. Fazer o mesmo com a rainha é possível. Alerta-se ser jogada de alto risco. Vale o risco? Sim e não. Sim, porque pode ser uma oportunidade de liquidar a fatura, dar fim à partida e continuar com o jogo à espera de adversários mais bem preparados. Porém, não foi o que ocorreu. O tiro saiu pela culatra. Pior, ficou sem a rainha, que é ardilosa e experiente nas articulações. Agora tem que se contentar com o poder dos bispos junto ao baixo clero. Aliás, que, ultimamente, não anda nada bem. Além disso, o jogo limita bem o poder dos bispos, reduzindo-o à operacionalidade vassálica. Os bispos andam sobre as linhas da cruz e não podem sair delas. Só podem punir quem está nos trilhos da cruz. No máximo, às vezes, aceita-se conselho deles. Sabe, observando o cenário, acredita-se que a Matriarca foi com muita fome ao pote. Poderia ter sido muito bem sucedida se tivesse percebido que o sucesso da estratégia dependeria de outras jogadas sutis. O Poder cega facilmente, principalmente aqueles que gostam de governar com o umbigo e movidos pelas paixões. Costumam meter as mãos pelos pés e descuidarem da Razão e do motivo de existir. Claro, simplesmente como “políticos.” Mandar na “Casa da Mãe Joana” não é um exercício fácil. A “Casa está virando mina de ouro” e tem atraído muitos especuladores paraquedistas, alguns inescrupulosos. Nessa altura do campeonato, a maioria dos filhos tem reagido para evitar a anunciada tragédia. Por outro lado, é bom lembrar que a Matriarca perdeu apenas uma partida na fase classificatória, mas o jogo continua e pode chegar vitoriosa no eliminatória. Ela sabe bem disso. Sabe que pode salvar seu reinado e ganhar o campeonato. É bem difícil. O Poder costuma ser um rolo compressor. Não gosta de príncipes incautos, principalmente daqueles que governam com as vísceras. Esse tipo de plantonistas não tem vida longa. Enfim, vamos aguardar, com paciência, o desfecho final. Quem viver, verá… Rubens Galdino da Silva – Jornalista (MTB/SP 32.616) e professor